A diretoria da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP) de Piracicaba (SP) arquivou a sindicância que apurava se uma atividade com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tinha autorização para ocorrer no gramado do campus.
Segundo a universidade, a organização do evento errou ao não respeitar o trâmite prescrito nas normas, mas mesmo assim não foi instaurado processo disciplinar.
A atividade, que ocorreu em 18 de abril de 2017, fazia parte da programação da Jornada Universitária de Apoio à Reforma Agrária (Jura), organizada pelo Laboratório de Educação e Política Ambiental da Esalq.
Na data, integrantes do movimento foram à universidade e participaram de um bate-papo com os estudantes, além construção de barracos com lona preta. Segundo a Esalq, a sindicância foi aberta no mesmo dia do evento e averiguou o uso “de estrutura pública sem aprovação dos colegiados”.
Atividade com o MST foi alvo de sindicância na Esalq — Foto: Fernanda Moraes
Ao informar sobre o arquivamento, a diretoria da Esalq disse que seguiu as conclusões da comissão sindicante, apontou erro procedimental por não ter sido respeitada as normas para o uso da estrutura pública para a realização do evento.
“Não obstante, decidiu pelo arquivamento dos autos, sem instauração de processo disciplinar, com reforço das orientações cabíveis para eventos futuros”, informou a universidade, em nota.
O organizador do evento e diretor do laboratório, Marcos Sorrentino, afirmou na época em que a sindicância foi noticiada que a denúncia original apontava uma “ocupação” do campus.
4ª Jornada Universitária de Apoio à Reforma Agrária na Esalq ocorreu em 2017 — Foto: Fernanda Moraes
“Alguém passou e fez uma denúncia dizendo que a Esalq estava sendo invadida pelo MST. O próprio prefeito do campus desmentiu, mas estranhamente eles aceitaram a denúncia para sindicância”, disse.
O professor foi convocado para uma audiência no fim de outubro de 2017 em que foi questionado se houve permissão para o uso da logomarca da Esalq e do gramado do campus para esta atividade. Segundo ele, sempre houve o uso irrestrito para atividades organizadas por departamentos da universidade e nunca foi pedida autorização.
“Nós organizamos diversas atividades, pedimos autorização para usar o anfiteatro, fizemos requerimento e foi permitido. No gramado a gente nem pensou em pedir autorização porque fazemos muita coisa lá, até aula. (…) Muitas outras coisas são feitas no gramado e nunca se fez sindicância para saber se havia autorização”, disse em 2017.
O professor definiu a abertura da sindicância como um “triagem ideológica”. A Esalq negou ao afirmar que “pauta suas ações por liberdade de opinião, independentemente dos valores envolvidos no seu sentido mais amplo”.
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