“Amigos, amigos, negócios à parte”. Elaine Medeiros, de 45 anos, não segue o provérbio popular. Moradora de Piracicaba (SP), ela resolveu apostar em um ramo de atuação incomum na cidade, o de auxiliar quem chega ao Brasil a se adaptar à cultura local. Com a agenda lotada, a “personal friend” atende dezenas de famílias e garante: “A crise não afetou meu trabalho”.
Enquanto o cenário de crise influencia e prejudica diversas áreas, Elaine diz não ter sofrido em sua atividade e afirma ter perdido a conta de quantas famílias já atendeu nos últimos cinco anos. São russos, canadenses, suíços, ingleses, coreanos, indianos e, agora, também brasileiros que desejam morar fora do país.
Com 15 clientes atualmente, ela afirmou que consegue faturar pelo menos R$ 5 mil por mês. “Não sinto a crise. Exceto quando vou ao supermercado, abastecer o carro e pagar minhas as despesas rotineiras, mas disso ninguém escapou”, brincou.
“Personal friend” foi o apelido carinhoso dado por um amigo para descrever o trabalho de Elaine. “Achei simpático. Eu me chamava de assessora ou consultora internacional, mas penso que esse apelido soa menos formal e tem mais a ver comigo”, afirmou.
‘Personal friend’ de Piracicaba diz que crise não afeta trabalho (Foto: Elaine Medeiros/ Arquivo Pessoal)
O trabalho As funções da profissional são variadas, segundo ela, e vão de dicas de restaurantes, lojas, comportamento, culinária brasileira, assessoria com o idioma, traduções e até acompanhamento em viagens com as famílias estrangeiras. “Além disso, tenho o celular como meu aliado. Atendo várias famílias ao mesmo tempo”, contou.
A diferença é que tudo ocorre em ambiente descontraído, diz ela. “Como em um café”, por exemplo. “Apesar de não ter muito talento para cozinha, já ensinei cliente a preparar cuscuz e feijão”, disse Elaine.
Outras atividades rotineiras da consultora incluem acompanhamento ao supermercado para auxílio nas compras, leitura de rótulos de produtos, busca por itens desejados pelo cliente, elaboração de roteiros e orientação de serviços em agências de viagem, lojas, cursos, manicure e até consultas médicas.
Só para conversar A indiana Bindu Thomas foi uma das estrangeiras assistida pela consultora. “Ela realmente foi uma cliente personal friend. Levei a cabeleireiros, lojas, restaurantes e a passeios apenas para conversamos”, contou.
Bindu contou ao G1 que se mudou com o marido, Joe Thomas, para Piracicaba em julho de 2014. As diferenças culturais entre Brasil e Índia foram fatores que dificultaram logo na chegada ao país, segundo a estrangeira.
“As orientações de Elaine sobre a cultura e os hábitos dos brasileiros, de como agir em situações cotidianas, onde fazer compras e dicas de restaurantes nos foram muito úteis. Hoje, somos capazes de fazer nossas próprias coisas sozinhos”, disse. “Ela também me apresentou alguns amigos com os quais eu conversava em inglês”, completou.
A indiana Bindu Thomas foi uma das estrangeiras atendidas (Foto: Elaine Medeiros/ Arquivo Pessoal)
Filhos dos clientes A “personal friend” também dá aulas de português para os estrangeiros ou indica escolas de idiomas de confiança. Quando são os filhos dos clientes internacionais que precisam de orientação com os estudos, Elaine lê as anotações da escola e explica aos pais e aos estudantes o que os professores pedem para as tarefas.
“Ajudo os pais na comunicação com a escola, auxilio na compreensão sobre o ‘homework’ (tarefa de casa em inglês)”, contou.
Elaine Medeiros é ‘personal friend’ em Piracicaba (Foto: Elaine Medeiros/ Arquivo Pessoal)
Viagens Em 2014, Elaine viajou para Europa para acompanhar famílias de clientes. Ela acompanhou um grupo de empresários brasileiros durante um encontro. “Enquanto os maridos ficavam nas palestras, eu guiava as esposas em compras e passeios por Londres e Paris. Fiquei o tempo todo com eles porque não falavam nada em inglês”, contou a profissional, que também acompanha os clientes em viagens menores, só a passeio, como ao litoral de SP, por exemplo.
Requisitos O trabalho desempenhado por um “personal friend” podem parecer corriqueiros. “Mas não são”, disse Elaine. Ela listou os principais requisitos para quem deseja seguir na área. O domínio de uma língua estrangeira é fundamental.
“Ter fluência em inglês é imprescindível. O profissional deve ter senso de responsabilidade e organização. Ser uma pessoa comunicativa, bem informada e com rede de contatos também é necessário, além da disponibilidade para viajar”, relatou.
Boas parcerias tornam o trabalho mais eficiente, ela disse. “É muito importante conhecer, respeitar e conviver bem com diferentes culturas, costumes e religiões”, afirmou.
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