De onde vem a madeira usada na produção de mobiliário? O sofá e as cadeiras que você tem na sua casa são “sustentáveis”? E o que define o conceito de sustentabilidade, quando o assunto tratado é a extração desse recurso natural? Entre tantas dúvidas e questões, é preciso, em primeiro lugar, esclarecer: nem toda madeira legal é sustentável.
Dá pra ter certeza?
Existem muitos intermediários entre a origem do lenho e o ponto final de venda, o que atrapalha bastante a vida do consumidor ao tentar conferir de onde a madeira vem. Por isso, é tão difícil garantir que aquele material que dá corpo ao seu armário é, de fato, legal e sustentável apenas consultando a documentação oficial ou, ainda, a nota fiscal. Contudo, “perguntar sobre a origem da madeira é sempre uma forma de pressionar e, portanto, é válida”, salienta a agrônoma Marina Lacôrte, da campanha “Amazônia”, do Greenpeace Brasil.
Para a gestora ambiental e coordenadora de certificação do Instituto de Manejo de Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Evelin Fagundes, os selos que atestam certificações independentes (não atrelados a interesses provados ou governamentais) são uma forma eficiente de apontar a procedência da madeira. “Quando você opta por comprar um produto com o selo FSC, por exemplo, você usa seu poder de escolha e dá preferência para um móvel que tenha uma origem mais sustentável”, diz Fagundes.
Tábuas em Ananindeua (PA), pintadas com o selo do Conselho de Manejo Florestal
Um bom exemplo
A secretária executiva do FSC Brasil (Forest Stewardship Council – em português, Conselho de Manejo Florestal), Fabíola Zerbini, explica que o selo avalia não só os princípios de manejo na floresta (veja mais abaixo), mas também rastreia a madeira em todas as etapas do processo produtivo, através da certificação da cadeia de custódia. “Mesmo apresentando alguns problemas, como a existência de serrarias que processam em um mesmo espaço madeiras certificadas e não certificadas, atualmente o selo FSC é o que mais garante que a madeira veio de onde ‘diz’ vir. Infelizmente, por competir com um mercado que opera em um nível tão alto de ilegalidade, empresas que adotam o FSC perdem força e ficam em desvantagem no que se refere ao preço (final)”, pondera a agrônoma do Greenpeace.
Para ter uma ideia do tamanho do imbróglio, de acordo com dados do instituto de pesquisa Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), entre 2011 e 2012, 78% da exploração madeireira do estado do Pará (maior produtor e exportador de madeira da Amazônia) foi ilegal. No caso do Mato Grosso, nos anos de 2012 e 2013, 46% da madeira extraída não obedecia ao processo legal. Mas o problema não para por aí: planos de manejo muitas vezes são utilizados de maneira incorreta e muita madeira ilegal vem sendo documentada de forma fraudulenta, para que o material obtido de maneira predatória consiga o ‘status’ da legalidade e passe a ser facilmente vendido no Brasil e no mundo. O alerta é feito pior Lacôrte, que ainda afirma que “o Greenpeace vem sistematicamente expondo casos dessa natureza desde maio de 2014”.
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